quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Inverter Texto, Link, frase, letras

UPDATE: escrevi esse post faz tempo, hoje em dia existe o http://quebralinks.com.br/ que é melhor do que o Reverse Text, porque atualmente alguns links estão criptografados e nem dá para descobrir o link original.
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As vezes, quando você vai fazer download, aparece um link protegido. Segundo ele, vc precisa fazer o cadastro do seu celular, algo assim, mas na realidade, se você olhar o endereço da página, vc vai ver que no fim está escrito o verdadeiro link para o download.

Agora esses protetores de link estão invertendo o link.

Algo assim: http://www.downloadsemcontrole.org/go/download/?YW2TQTDD=d?/moc.daolpuagem.www//:ptth

Mas como pode ver no fim do link tem o "http://www" invertido. Se você continuar observando vai perceber que o verdadeiro link é o do megaupload.

Para inverter todo esse link, sem ser manualmente, copie o link, e cole nesse site:
http://textmechanic.com/Reverse-Text-Generator.html

Clique no primeiro botão: Reverse Text

O primeiro link vai se transformar em algo assim: http://www.megaupload.com/?d=DDTQT2WY?/daolnwod/og/gro.elortnocmesdaolnwod.www//:ptth 

Não esqueça de separar o link verdadeiro do falso.

Assim, vc vai conseguir copiar o texto e entrar no link para download rapidamente.

Espero que tenha ajudado. Não achei nenhum blog que explicava isso.

Divulguem!


Esses caras querem ganhar dinheiro em cima de software pirata. Fala sério. Aew, sinto muito se a Adobe não deu licença acadêmica pro meu curso. HAHAHAHAH


Calma, Adobe, pense pelo lado positivo, se eu abrir uma empresa ou trabalhar em uma, se eu puder escolher, vou recomendar você e não a Corel. HAHAHAHA


Olha que prefiro a Corel pra vetorizar, hein. Agradeça a minha professora que quer avaliar o Illustrator. hahaha

sábado, 11 de setembro de 2010

Google Store

Google Store

Achei o enxoval do meu bebe, nem nasceu e o Google jah fez pra mim *-*








Kids
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New ItemElmo Youth T-Shirt
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Displaying 1 to 9 (of 9 products)Result Pages: 1

The Google Store is going green. We only have one Earth and we want to do our best to take care of her,
so we've worked hard to make our store more eco-friendly. From organic cotton T-shirts to pencils made of
recycled blue jeans, you'll find that most (though not all) Google products are now made of recycled material
or other stuff that goes easy on our planet.  And where we used to use plastic polybagging,
now we use more environmentally sound recycled wraps and stickers when shipping your order.
Thoughts, comments or suggestions? We'd love to hear from you. Click here and let us know what you think.

             

fala se o Google num eh foda? 

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Blog do IZB » Defendida pela senadora Marina Silva (PV-AC), a exploração comercial de um fruto típico do Acre gerou um processo judicial por biopirataria contra a Natura.

são coisas assim que me deixam confusa Oo''
O autor do blog da amazônia fala tanto da marina no blog pessoal dele q parece até q ta ganhando uns trocados...
Blog do IZB » Defendida pela senadora Marina Silva (PV-AC), a exploração comercial de um fruto típico do Acre gerou um processo judicial por biopirataria contra a Natura.



marina-silva2Defendida pela senadora Marina Silva (PV-AC), a exploração comercial de um fruto típico do Acre gerou um processo judicial por biopirataria contra a Natura. A gigante do setor de cosméticos tem relações próximas com a pré-candidata do PV a presidente.
A empresa é ré em uma ação do Ministério Público Federal na Justiça Federal do Acre em razão do suposto aproveitamento ilegal do fruto do murmuru, que é usado na produção de xampus e sabonetes.
A acusação é de uso comercial a partir do conhecimento tradicional do fruto pela etnia ashaninka, que vive na fronteira com o Peru.
Em 2001, o murmuru constava de um acervo de plantas do Acre levado por Marina à Natura, para possível exploração econômica. Em 2003, foi assinado um termo de compromisso nesse sentido entre a empresa e o governo do Acre, intermediado pela senadora.
A Natura é considerada exemplo de compromisso com o meio ambiente por Marina. Juntando doações da empresa e de seus diretores, foi a segunda maior contribuinte da última campanha da senadora, em 2002, com R$ 30 mil. Seu presidente, Guilherme Leal, é mencionado como possível vice na provável chapa de Marina em 2010. A maior doadora foi a Pirelli, com R$ 50 mil.
Em agosto de 2007, a Procuradoria entrou com ação contra a Natura e mais duas empresas de cosméticos, em nome dos índios, cobrando compensação financeira. “A Natura, embora negue, acessou conhecimento tradicional sobre o murmuru. […] Não é digno de crença que, como gigante do ramo, não tivesse obtido dados a partir dos resultados das pesquisas junto aos ashaninkas”, diz a ação. PUBLICIDADE “Uso indireto”
A base legal da ação é a medida provisória 2.186, de 2001, que assegura às comunidades indígenas “benefícios pela exploração econômica por terceiros, direta ou indiretamente, de conhecimento tradicional”.
No caso, a Natura é acusada de “uso indireto”, uma vez que o conhecimento teria sido repassado por um pesquisador que trabalhou com os ashaninkas nos anos 1990.
A empresa diz que teve acesso ao princípio ativo do murmuru na “vasta literatura científica” sobre o tema. A Procuradoria rebate que essa literatura baseou-se nas tradições dos ashaninkas, o que não isentaria a empresa de pagar pelo uso.
“Se você entrar na floresta procurando a esmo plantas, vai passar um século até achar algo. É evidente que foi pelo conhecimento dos ashaninka que se chegou ao murmuru”, diz o procurador Anselmo Lopes.
A promotoria pede que os réus paguem 50% dos lucros obtidos com a venda dos produtos à base de murmuru como compensação. Ainda não há data para o julgamento do caso.
Outro lado Marina Silva considera “natural” a disputa entre a Natura e os índios ashaninkas e evita tomar partido. “Seria eu me colocar no lugar de juiz”, diz.
Segundo ela, há uma “zona cinzenta” no marco regulatório para exploração de produtos ligados a comunidades tradicionais. “Tem certa naturalidade em que haja esse tipo de processo. O problema é que não existe um regramento claro sobre acesso aos componentes da biodiversidade e conhecimentos tradicionais associados”, afirma.
Marina é autora de um projeto de lei de 1995 apresentando um marco regulatório, nunca aprovado. Segundo ela, a proposta levada à Natura de exploração de plantas é compatível com a defesa de uma “economia verde”.
“Eu sempre busquei empresários que tenham sensibilidade para a agenda do desenvolvimento sustentável. Agora, os problemas que surgem as empresas têm que resolver, e a Justiça tem que se pronunciar no mérito”, disse.
Já a Natura nega que tenha se apropriado indevidamente do conhecimento tradicional dos ashaninkas e justifica o acesso ao murmuru com base na literatura científica sobre as propriedades da planta.
“Há trabalhos publicados sobre o tema desde 1941. Foi assim que obtivemos acesso ao princípio ativo”, diz Rodolfo Guttilla, diretor de Assuntos Corporativos da empresa.
Segundo ele, a empresa não explora o produto no Acre, mas o acessa na região do Médio Juruá, no vizinho Amazonas, mediante compensação para comunidades locais. “Não houve dolo ou má-fé em nenhuma circunstância.”
Guttilla afirma que o termo de compromisso assinado com o governo do Acre em 2003, que foi intermediado por Marina, acabou não prosperando e hoje está dormente. Segundo ele, a Natura remunera 23 comunidades em vários Estados pelo uso de produtos vegetais, o que beneficia 2.000 famílias.
O diretor declara que o uso do murmuru está registrado no Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, ligado ao Ministério de Meio Ambiente, como manda a lei.
Quem era a ministra do meio Ambiente mesmo ???????

Blog do IZB » Defendida pela senadora Marina Silva (PV-AC), a exploração comercial de um fruto típico do Acre gerou um processo judicial por biopirataria contra a Natura.

Blog do IZB » Defendida pela senadora Marina Silva (PV-AC), a exploração comercial de um fruto típico do Acre gerou um processo judicial por biopirataria contra a Natura.

marina-silva2Defendida pela senadora Marina Silva (PV-AC), a exploração comercial de um fruto típico do Acre gerou um processo judicial por biopirataria contra a Natura. A gigante do setor de cosméticos tem relações próximas com a pré-candidata do PV a presidente.
A empresa é ré em uma ação do Ministério Público Federal na Justiça Federal do Acre em razão do suposto aproveitamento ilegal do fruto do murmuru, que é usado na produção de xampus e sabonetes.
A acusação é de uso comercial a partir do conhecimento tradicional do fruto pela etnia ashaninka, que vive na fronteira com o Peru.
Em 2001, o murmuru constava de um acervo de plantas do Acre levado por Marina à Natura, para possível exploração econômica. Em 2003, foi assinado um termo de compromisso nesse sentido entre a empresa e o governo do Acre, intermediado pela senadora.
A Natura é considerada exemplo de compromisso com o meio ambiente por Marina. Juntando doações da empresa e de seus diretores, foi a segunda maior contribuinte da última campanha da senadora, em 2002, com R$ 30 mil. Seu presidente, Guilherme Leal, é mencionado como possível vice na provável chapa de Marina em 2010. A maior doadora foi a Pirelli, com R$ 50 mil.
Em agosto de 2007, a Procuradoria entrou com ação contra a Natura e mais duas empresas de cosméticos, em nome dos índios, cobrando compensação financeira. “A Natura, embora negue, acessou conhecimento tradicional sobre o murmuru. […] Não é digno de crença que, como gigante do ramo, não tivesse obtido dados a partir dos resultados das pesquisas junto aos ashaninkas”, diz a ação. PUBLICIDADE “Uso indireto”
A base legal da ação é a medida provisória 2.186, de 2001, que assegura às comunidades indígenas “benefícios pela exploração econômica por terceiros, direta ou indiretamente, de conhecimento tradicional”.
No caso, a Natura é acusada de “uso indireto”, uma vez que o conhecimento teria sido repassado por um pesquisador que trabalhou com os ashaninkas nos anos 1990.
A empresa diz que teve acesso ao princípio ativo do murmuru na “vasta literatura científica” sobre o tema. A Procuradoria rebate que essa literatura baseou-se nas tradições dos ashaninkas, o que não isentaria a empresa de pagar pelo uso.
“Se você entrar na floresta procurando a esmo plantas, vai passar um século até achar algo. É evidente que foi pelo conhecimento dos ashaninka que se chegou ao murmuru”, diz o procurador Anselmo Lopes.
A promotoria pede que os réus paguem 50% dos lucros obtidos com a venda dos produtos à base de murmuru como compensação. Ainda não há data para o julgamento do caso.
Outro lado Marina Silva considera “natural” a disputa entre a Natura e os índios ashaninkas e evita tomar partido. “Seria eu me colocar no lugar de juiz”, diz.
Segundo ela, há uma “zona cinzenta” no marco regulatório para exploração de produtos ligados a comunidades tradicionais. “Tem certa naturalidade em que haja esse tipo de processo. O problema é que não existe um regramento claro sobre acesso aos componentes da biodiversidade e conhecimentos tradicionais associados”, afirma.
Marina é autora de um projeto de lei de 1995 apresentando um marco regulatório, nunca aprovado. Segundo ela, a proposta levada à Natura de exploração de plantas é compatível com a defesa de uma “economia verde”.
“Eu sempre busquei empresários que tenham sensibilidade para a agenda do desenvolvimento sustentável. Agora, os problemas que surgem as empresas têm que resolver, e a Justiça tem que se pronunciar no mérito”, disse.
Já a Natura nega que tenha se apropriado indevidamente do conhecimento tradicional dos ashaninkas e justifica o acesso ao murmuru com base na literatura científica sobre as propriedades da planta.
“Há trabalhos publicados sobre o tema desde 1941. Foi assim que obtivemos acesso ao princípio ativo”, diz Rodolfo Guttilla, diretor de Assuntos Corporativos da empresa.
Segundo ele, a empresa não explora o produto no Acre, mas o acessa na região do Médio Juruá, no vizinho Amazonas, mediante compensação para comunidades locais. “Não houve dolo ou má-fé em nenhuma circunstância.”
Guttilla afirma que o termo de compromisso assinado com o governo do Acre em 2003, que foi intermediado por Marina, acabou não prosperando e hoje está dormente. Segundo ele, a Natura remunera 23 comunidades em vários Estados pelo uso de produtos vegetais, o que beneficia 2.000 famílias.
O diretor declara que o uso do murmuru está registrado no Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, ligado ao Ministério de Meio Ambiente, como manda a lei.
Quem era a ministra do meio Ambiente mesmo ???????

Blog da Amazônia por Altino Machado » Capeta aparece em Dourados (MS) e toma conta da cidade

Blog da Amazônia por Altino Machado » Capeta aparece em Dourados (MS) e toma conta da cidade

VELHO, TEM UMA PARTE NESSE TEXTO SOBRE O ÍNDIO SER CASTIGADO QUE ME LEMBRA O DOBBY! SIM! O ELFO DOMÉSTICO DO HARRY POTTER!

domingo, 5 de setembro de 2010

Capeta aparece em Dourados (MS) e toma conta da cidade

Altino Machado às 11:12 am
POR JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE
Aqui em Dourados (MS) não se fala de outra coisa. “O Capeta tomou conta da cidade” – confidencia em tom alarmista a vendedora da Sapataria Bianca, onde entrei para comprar uma sandália. Ela é da Igreja Universal e jura que o Capiroto – isso mesmo, ele, Lúcifer – entrou no corpo do prefeito e de mais 29 pessoas, incluindo a primeira dama, o vice-prefeito, o presidente da Câmara, nove vereadores, alguns secretários e outros políticos, todos eles presos quarta-feira pela Polícia Federal, acusados de corrupção e formação de quadrilha. Na medida em que habita aqueles corpos aprisionados, o diabo também entrou em cana.
- Vade retro, Satanás! Eu, einh! Vou agorinha para uma sessão de desencapetamento” – disse ao me despedir da vendedora. Era, em parte, verdade. De sandália nova, fui encontrar minha amiga, a lingüista Ruth Monserrat, na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), onde se realizava o Simpósio sobre Línguas Indígenas dentro da programação das XIII Jornadas Internacionais sobre as Missões Jesuíticas e onde havia – vocês vão ver – um cheirinho de enxofre no ar.
Esse evento reúne periodicamente, desde 1982, pesquisadores da América, Europa e Ásia, cada vez em um país diferente. Agora aconteceu no Brasil com a realização de seis mesas redondas, dez simpósios temáticos, conferências, recital de poesia, espetáculo teatral, exibição de filmes, exposição de fotos, lançamento de livros, concerto de orquestras de violões de uma aldeia indígena e outras atividades culturais. Enfim, um senhor evento, que só não teve maior repercussão na mídia, porque a quadrilha de Dourados ocupou os espaços dos jornais.
Durante uma semana, historiadores, antropólogos, lingüistas, arqueólogos, cientistas sociais, museólogos, arquitetos, teólogos e especialistas de quinze países discutiram “o papel ambivalente e contraditório da missão”, como destacou a antropóloga Graciela Chamorro, professora da UFGD que organizou o encontro. Os pesquisadores indígenas apresentaram seus trabalhos, em suas respectivas línguas com tradução simultânea.
DNA da Cultura
Quem apareceu com o nome de José Lúcifer no simpósio sobre línguas indígenas foi o Capiroto, isso eu vi, mas o que não sei é se ele deu também o ar de sua graça nos outros que abordaram temas diferentes: poder colonial, trabalho dos índios, práticas missionárias, educação jesuítica, catequese, memória e patrimônio, gestão de museus e sítios arqueológicos, territorialidade, fronteiras e conflitos por terras.
A presença do Tinhoso precisa ser contextualizada. Ele baixou numa sessão na qual a língua foi apresentada como uma espécie de DNA da cultura e da história, na medida em que registra, como um sismógrafo, todas as transformações sociais. “As palavras vivas conservam as marcas de sua transformação” – explicou Bartomeu Meliá, um dos maiores conhecedores da língua Guarani, para quem a história de um povo pode ser encontrada nas palavras mais significativas ou nas grandes mudanças sofridas por elas através dos tempos
Convencidos disso, os pesquisadores começaram a buscar nos arquivos documentos em línguas indígenas, quase sempre de origem missionária: dicionários, gramáticas, orações, catecismos e outros textos pastorais. Só na Língua Geral Amazônica já foram localizados rios de palavras em oito dicionários do século XVIII que podem ajudar a entender a história da região – diz Cândida Barros, do Museu Goeldi do Pará, uma das organizadoras do simpósio.
Os resultados desses trabalhos apresentados na XIII Jornadas Internacionais permitem compreender melhor a vida cotidiana, a economia, a religião, a política, o sistema de parentesco, o poder e a autoridade, a alimentação, as concepções de doenças e as práticas de cura, as vestimentas, as pinturas e os adornos corporais dos povos que falavam – alguns continuam falando - essas línguas.
Um exemplo interessante foi apresentado por lingüistas da Universidade de Kiel, na Alemanha, que criaram o Projeto Kuatia Ymaguare (Peky) para estudar o guarani. “A busca sistemática de documentos tratando da vida diária nas reduções jesuíticas, mas também dos índios que estavam fora do controle missionário, nos proporcionou uma colheita inesperadamente rica de textos” – informou o lingüista Harald Thun.
A Universidade de Kiel vai editar esses manuscritos, que contém cartas escritas por índios, manuais de medicina e tratados sobre a organização das missões e sua relação com o mundo externo, tudo em língua guarani. Um deles, estudado pela lingüista Angélica Otazu é o Manuscrito Villodas, um dos poucos em que os jesuítas reconhecem o valor da cultura indígena, revelando que aprenderam com os guaranis algumas práticas médicas e, sobretudo, as formas de diagnosticar doenças, o tipo e a duração do tratamento, bem como uma classificação das plantas medicinais. A obra contém 205 receitas e vai ser editada num livro bilíngüe.
Pedro Moreno
Outro documento é o Manuscrito Gülich, uma enciclopédia da vida diária nas Reduções, que descreve a construção de casas e igrejas, a agricultura e a criação de gado, a produção de conservas e até a cozinha, assim como os conflitos internos causados pelo sistema jurídico especial, pelo paternalismo dos religiosos e pelos castigos corporais infligidos aos índios.
Harald Thun contrapôs os dados desse documento às informações proporcionadas por dois jesuítas do século XVIII, um deles o padre Antônio Sepp que justifica assim a ‘paudagogia’ dos missionários:
- É preciso instigar os índios com palavras e até com o chicote; um índio chicoteia o outro por ordem do missionário, como faz o professor com o aluno, de tal sorte que a pessoa castigada jamais se queixa nem dá o menor sinal de impaciência; ao contrário, depois de receberem os açoites, procuram o padre, beijam a sua mão e dizem: ‘Senhor Padre, aguyó beté yebis, que quer dizer: agradeço mil vezes as chicotadas que me corrigiram e me fizeram aprender a ter juízo.
O segundo depoimento do padre Parras faria delirar a procuradora Vera Gomes, que em maio desse ano espancou uma criança por ela adotada, num episódio de repercussão nacional: “(Os índios) internalizaram tão profundamente a idéia de que o castigo é um sinal de amor, que de vez em quando um índio vem se queixar ao padre porque não era castigado, o que era sinal de que não era amado e, então, o padre mandava dar-lhe 25 chicotadas, aplicadas sempre publicamente, no meio da praça”.
Os textos trabalhados por Harald Thun relativizam esse “amor pelo chicote”, embora permaneçam ainda hoje vestígios de seu uso em algumas comunidades indígenas. Entre os Chiquitanos, um povo que habita as terras baixas da Bolivia, o chicote – essa invenção diabólica – tem até nome de gente. Ele é conhecido como Professor Pedro Moreno, que “saca lo malo y pone lo bueno”.
Mas a presença do Capiroto se revelou mesmo foi na documentação apresentada por uma lingüista austríaca, Sieglinde Falkinger, pesquisadora da língua chiquitana, que se tornou a língua de catequese de dez povos que viviam nas reduções jesuíticas. Foi nessa língua que no século XVIII foram escritos os sermões, que ainda hoje são apresentados pelos índios nas portas das igrejas durante as 50 festas religiosas que se celebram ao longo do ano.
O projeto de Recopilação e Documentação dos Sermões Chiquitanos iniciado em dezembro de 2008 está encontrando nas comunidades indígenas uma grande quantidade de textos escritos pelos próprios índios, que estão sendo agora organizados, tratados e transcritos. É num deles que aparece o diabo com o nome de José Lúcifer, fazendo suas estripulias. Um dia eu ainda conto as histórias que Sieglinde Falkinger e a chiquitana Silvia nos contaram..
O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO) e edita o site-blog Taqui Pra Ti .

Blog da Amazônia por Altino Machado » Acusada de biopirataria pelo MPF, Natura enfrenta índios na Justiça Federal

Blog da Amazônia por Altino Machado » Acusada de biopirataria pelo MPF, Natura enfrenta índios na Justiça Federal

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Acusada de biopirataria pelo MPF, Natura enfrenta índios na Justiça Federal

Altino Machado às 3:50 am

Semente de murmuru

Acusada de cometer biopirataria ao usar o ativo de murmuru (Astrocaryum ulei Burret), a indústria de cosméticos Natura enfrenta hoje uma audiência de conciliação na Justiça Federal, em Rio Branco (AC), decorrente de ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) em defesa dos índios ashaninka da aldeia Apiwtxa do Rio Amônea, na fronteira Brasil-Peru.

A ação do MPF, contra a exploração indevida de conhecimento tradicional ashaninka, começou em agosto de 2007. Ela também envolve o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), a Chemyunion Química LTDA, e o empresário Fábio Dias Fernandes, proprietário da empresa Tawaya, de Cruzeiro do Sul (AC), fabricante de sabonete de murmuru.

O MPF no Acre chegou a recomendar ao Inpi a suspensão do pedido de patente relativo à formulação do sabonete de murmuru, obtido a partir do conhecimento tradicional dos ashaninka. A patente de nº PI0301420-7 foi homologada pelo proprietário da empresa Tawaya.

De acordo com o MPF, a elaboração da manteiga de murmuru se deu mediante o acesso a conhecimentos tradicionais da comunidade, quando o empresário realizava projeto de pesquisa e levantamento de produtos florestais em parceria com a organização não-governamental Núcleo Cultura Indígena, sediada em São Paulo.

Ao final da pesquisa, Dias decidiu implantar a empresa de beneficiamento para produzir a manteiga de murmuru em escala industrial. Os índios forneceriam as sementes e teriam direito a 25% dos rendimentos obtidos pela empresa. Com isso, os ashaninka preocuparam-se em formar e capacitar a comunidade para exploração da semente de murmuru de forma sustentável, sem que o conhecimento da fabricação do produto fosse externalizado.

Sabonete líquido

Murmuru: antepassado transformado em árvore

Inicialmente, a empresa Tawaya funcionava no Vale do Juruá, mas logo foi transferida para Cruzeiro do Sul, distante da área indígena, impedindo a comunidade de participar da fabricação. Tawaya é o nome que os ashaninka atribuem para o Rio Amôena, que foi percorrido durante as pesquisas feitas por Fábio Dias.

Uma vez iniciados os preparativos para a produção, o empresário passou a tratar os ashaninka como meros fornecedores de matéria-prima, deixando de cumprir com tudo que prometera durante os anos de convívio e de utilização do conhecimento tradicional da comunidade indígena.

O MPF sustenta que o empresário não tinha a necessária autorização para patentear o produto. A Medida Provisória nº 2.186/2001, que diz respeito à proteção ao conhecimento tradicional das comunidades indígenas e locais, associado ao patrimônio genético, anota o reconhecimento pelo estado do direito dessas comunidades para decidir sobre o uso de seus conhecimentos tradicionais, reconhecidos como patrimônio cultural brasileiro.

Na ação civil pública, o procurador da República Lucas Perroni Kalil assinala que o conhecimento tradicional refere-se a todo conhecimento, inovações e prática das comunidades indígenas e locais, concebidas a partir da experiência empírica adquirida através dos séculos, e adaptado à cultura e aos entornos locais.

- O conhecimento tradicional se transmite por via oral, de geração em geração e tende a ser de propriedade coletiva. Adquire a forma de histórias, canções, folclore, refrões, valores culturais, rituais, leis comunitárias, idioma local e práticas agrícolas, inclusive de espécies vegetais e raças animais. O murmuru tem origem lendária para os ashaninka. Não se trata de uma simples árvore, mas sim de um antepassado que foi transformado em árvore - acrescenta Kalil.

sasas

Cacho de murmuru (Astrocaryum ulei Burret) separado entre frutos e raque (A); semente ou "caroço"(B); endosperma inteiro (C); endodosperma cortado, mostrando a parte interna (D) e endocarpo quebrado para se retirar o endosperma (E) - imagem cedida pelo botânico Evandro Ferreira, especialista em palmeiras, do blog Ambiente Acreano

Ligações perigosas

Os ashaninka fazem diversos usos da palmeira de murmuru. O caule da palmeira serve para a construção de casas. A árvore produz palmito usado como alimento. Dos lugares em que são extraídos os palmitos, surge uma seiva, que é usada como alimento e também, misturada com urucum, como pintura facial. As folhas e as cascas da palmeira são utilizadas no artesanato. O óleo da castanha, extraído por meio do uso de um pilão, misturado com água, serve de medicamento para feridas e coceiras.

O empresário é acusado de ter realizado bioprospecção utilizando o conhecimento tradicional como guia, valendo-se de séculos de experiências com o murmuru para obter um produto com finalidade comercial. De 120 componentes à base de plantas usados na produção farmacêutica mundial, 75%, em média, têm o seu derivado ou associado a plantas medicinais que sempre foram utilizadas por comunidades.

- Na pior das hipóteses, ainda que se admita, a título de argumentação, que os ashaninka nada sabiam sobre o uso emoliente do murmuru, ainda assim foi usado conhecimento tradicional sobre o manejo sustentável do murmuru, fato que Fábio Dias tanto se gaba na publicidade de seu sabonete - argumentar o procurador da República.

Embora negue, o MPF sustenta que a empresa Chemyunion passou também a explorar produtos fabricados a partir do murmuru, após tomar conhecimento das atividades de Fábio Dias, que confirmou em laboratório as características emolientes do murmuru em meados de 1996.

- Como empresas voltadas a esse ramo específico de atuação, sempre atentas a “novidades” deste naipe, as demais demandadas privadas (Chemyunion e Natura) certamente passaram a estudar o uso de murmuru em seus produtos após a confirmação do demandado Fábio - afirma Kalil.

Reparação equânime de benefícios e de dano moral coletivo

Segundo o MPF, embora negue, a Natura Cosméticos S.A. acessou conhecimento tradicional sobre o murmuru. Em correspondência à Procuradoria da República, a empresa disse que utilizou “como fonte de informação de aplicação do ativo murmuru” obra de Barrera-Arellano. Segundo a Natura, ele seria o químico “inventor” da utilização de óleo e gordura de murmuru em pedido de patente formulado pela Chemyunion Química.

- Ademais, não é digno de crença que, como gigante do ramo, a Natura não tivesse obtido dados a partir dos resultados das pesquisas junto aos ashaninka - afirma o procurador da República.

O MPF pleiteia a reparação equânime dos benefícios e reparação de dano moral coletivo, sendo que o valor de indenização que venha a ser definido pela Justiça Federal seja destinado metade ao Fundo Federal de Direitos Difusos e metade à Apiwtxa, associação que representa o povo ashaninka do Rio Amônea.

O Inpi foi envolvido pelo MPF na ação civil pública porque não acatou recomendação para suspender o pedido de patente relativo a formulação do sabonete de murmuru. O MPF tenta convencer o Inpi a conferir patente ou registro aos seus pleiteantes daquilo que tiver sido originado a partir de acesso ao conhecimento tradicional somente após informada a origem do conhecimento tradicional e realizada a repartição equânime dos benefícios.

Sabonete de murmuru